Esse é apenas mais um rascunho, dentro de tantos outros rascunhos
e de folhas rasuradas.
De sentimentos rasurados.
Esses dias o futuro me assustou. O clima me assustou, as
pessoas me assustaram, eu me assustei comigo mesmo.
Me assustei de saber que todo mundo é meio assustado.
Me assustei de saber que o tempo, as coisas e as pessoas
tiraram boa parte da minha suavidade.
E fiquei intrigada, desacreditada, exigente,
impaciente e desconfiada.
Alguém roubar suas coisas é dolorido, agora alguém roubar
parte de você....é muito, muito mais.
Se reconstruir cada dia, esse é o objetivo. E isso assusta.
Aceitar que as coisas mudam sim, e que principalmente podem
ser diferentes.
Os mesmo atos, mas outra conotação.
Ainda continuo deixando espaço pro acaso , e esse sim tem
feito grande diferença.
Um minuto que você ficou a mais. Um lugar diferente que você
resolveu esperar. Um convite que você aceitou, um sorriso de verdade que
apareceu no rosto. Uma surpresa no meio do dia, e uma surpresa retribuída no
fim do dia. O silencio quando se queria falar, e ir quando se queria ficar.
Misterio embaixo do olhar, acordar cedo quando ainda se quer dormir. Ir se necessário,
ficar se for conveniente.
O não que dói, o sim que distrai.
Ser desconhecida, guardar sua historia.
Medo de acreditar. Coragem de arriscar.
As vezes uma palavra muda tudo. E as vezes também não muda
nada.
As vezes o tudo parece nada e as vezes o tudo volta a perturbar.
Esses dias até perdi o sono com tantos poréns a se pensar.
Mas ainda continuo querendo assimilar do que fugir das coisas que são muito dificieis
de consertar.
Sem amortecimentos.
Sempre só sentimento.
E porque que você tem tanto medo? Será que todos os medos
tem o mesmo sabor? Porque fugir do medo de sentir medo? Porque não sentir ?
O seu medo se parece tanto com o meu.
To tentando driblar
ele, é isso que acho que vou aprender, e também te ensinar. Que medo só se
existe pra te mostrar que não precisa ter medo. Medo tira a pureza....e nada se
compara ao sabor da simplicidade, das coisas sem mascaras, sem enfeites... tipo
acordar com o rosto borrado de maquiagem. Tipo café no coador de pano. Tipo comer bolacha no sofá. Tipo ver o sol
nascer.
Se o sapato é apertado e não te serve mais, ele não vai
servir mais pra frente também. Mesmo que cicatrize os machucados, se vc
insistir, vai fazer bolhas de novo. E é apenas disso que se pode ter medo, de
insistir nos erros.
Acredite, o fim é sempre um novo começo.
As coisas seguem porque ainda se tem muito o que
aprender.
...Mas pode vir com seu medo... que eu vou com a minha força.