domingo, 13 de setembro de 2015

Sabor de medo

Esse é apenas mais um rascunho, dentro de tantos outros rascunhos e de folhas rasuradas.
De sentimentos rasurados.
Esses dias o futuro me assustou. O clima me assustou, as pessoas me assustaram, eu me assustei comigo mesmo.
Me assustei de saber que todo mundo é meio assustado.
Me assustei de saber que o tempo, as coisas e as pessoas tiraram boa parte da minha suavidade.

 E fiquei intrigada, desacreditada, exigente, impaciente e desconfiada.


Alguém roubar suas coisas é dolorido, agora alguém roubar parte de você....é muito, muito mais.

Se reconstruir cada dia, esse é o objetivo. E isso assusta.

Aceitar que as coisas mudam sim, e que principalmente podem ser diferentes.

Os mesmo atos, mas outra conotação.
Ainda continuo deixando espaço pro acaso , e esse sim tem feito grande diferença.





Um minuto que você ficou a mais. Um lugar diferente que você resolveu esperar. Um convite que você aceitou, um sorriso de verdade que apareceu no rosto. Uma surpresa no meio do dia, e uma surpresa retribuída no fim do dia. O silencio quando se queria falar, e ir quando se queria ficar. Misterio embaixo do olhar, acordar cedo quando ainda se quer dormir. Ir se necessário, ficar se for conveniente.
O não que dói, o sim que distrai.
Ser desconhecida, guardar sua historia.


Medo de acreditar. Coragem de arriscar.
As vezes uma palavra muda tudo. E as vezes também não muda nada.
As vezes o tudo parece nada e as vezes o tudo volta a perturbar.

Esses dias até perdi o sono com tantos poréns a se pensar. Mas ainda continuo querendo assimilar do que fugir das coisas que são muito dificieis de consertar.
Sem amortecimentos.
Sempre só sentimento.

E porque que você tem tanto medo? Será que todos os medos tem o mesmo sabor? Porque fugir do medo de sentir medo? Porque não sentir ?

O seu medo se parece tanto com o meu. 
To tentando driblar ele, é isso que acho que vou aprender, e também te ensinar. Que medo só se existe pra te mostrar que não precisa ter medo. Medo tira a pureza....e nada se compara ao sabor da simplicidade, das coisas sem mascaras, sem enfeites... tipo acordar com o rosto borrado de maquiagem. Tipo café no coador de pano.  Tipo comer bolacha no sofá. Tipo ver o sol nascer.


Se o sapato é apertado e não te serve mais, ele não vai servir mais pra frente também. Mesmo que cicatrize os machucados, se vc insistir, vai fazer bolhas de novo. E é apenas disso que se pode ter medo, de insistir nos erros.



Acredite, o fim é sempre um novo começo.

As coisas seguem porque ainda se tem muito o que aprender. 
...Mas pode vir com seu medo... que eu vou com a minha força.



segunda-feira, 13 de julho de 2015

Des-pedir.

Desculpa pela demora em chegar até aqui.
ouvindo ISSO
Estava resolvendo umas pendências que me atrasaram um pouco. Pendências, das quais me ensinaram que não vou mais reviver os mesmos erros.


Começou depois de uma semana difícil. Antigos conflitos e mesmos enredos, mesmos finais. E tudo o que aconteceu veio em boa hora. Até mesmo a espera me fez bem...sério mesmo.

Mas tudo já estava virando passado, mesmo sendo presente. Eu tenho sonhos ainda, não posso parar de sonhar, não por agora.
Quantos mais anos se tem, mais bagagens a gente carrega. Talvez mais compactas, mas são bagagens.

Tenho historias pra contar, assim como gostaria de ouvir umas novas também.

Não que minha vida te foi assim tão interessante, tão assim novidade, 
tão assim – preferência –

Mas de certa forma poderia ter sido. Poderia não ser tão dia-a-dia. Poderia compartilhar, e por motivos a mais que só a comodidade.

As coisas ficam soltas porque ninguém é (ou deveria ser) obrigado. As coisas funcionam porque alguém acha  que: ou vale a pena ou porque alguém as prefere assim.
Se não fica sem graça.
Se qualquer motivo é motivo pra não, qualquer motivo poderia ser pra sim também.
Porque eu faço trocas que me convém. Sejam elas lucrativas ou sejam elas etapas que sei que são necessárias para algo maior vir.
É como cuidar todos os dias de um animal de estimação.
Faz: ou porque quer ou porque precisa. Se não fica assim, tão sem sabor.
Não posso mais estar no meio do caminho. Ser um plano de fuga, ou lugar comum.
Não posso estar em flores em um dia e no outro ser um ponto cego.
Eu já estive no meio termo e já sei como é.

Não preciso dessa vivencia. Preciso de um novo aprendizado

Mas calma, não é que eu quero que alguém me conserte. Só quero a gentileza enquanto eu mesma faço isso. E nesse meio tempo, eu não preciso de esperar incertezas. Só preciso da espera do próprio tempo. 
Preciso da espera de curiosidade.


Ou simplesmente de atenção aos detalhes
Ou  ainda, que me diga apenas o possível. É, o possível. É simples.
Ninguém é digno de exigir, mas ao mesmo tempo que ninguém é digno de esperar mentiras virarem verdades.


O que me formou são os dias que tive que levantar a cabeça e continuar. 
Foram minhas desistências pra poder tomar outro rumo.
São os cheiros de lembranças. 
Os quases, os poréns. 
Meus caminhos a pé. 
Historias. Minha dor nas costas. Minha música favorita. 
Fotografias. Abraços. Cafés. Noites acordada.
Tempero na comida. 
Risada. Viagens. Cores. Linhas na pele. 
Segunda pele.




E mais algumas coisas...que...que faltaram perguntar.
Essa é minha bagagem.
Não tem como carregar metade ou selecionar o que levar.

E por fim, vai ser sempre assim:


quinta-feira, 2 de julho de 2015

O que fica quando já foi.

As nossas cicatrizes são apenas marcas.
ouvindo isso
O que as fazem pesar é a carga e a historia que carrega em cada milímetro. 
É o sentimento que acompanha a textura. 
É o fechar dos olhos quando você passa a mão por cima e se lembra, e re-lembra sempre. 
É o quase eterno de um ciclo. 
É o que fica quando tudo já se foi...


Tenho muitas dores que ainda não sei falar. É que na verdade eu não tenho palavras para descrever. E pensando nessa frase...



É que me policiei para pensar que todo mundo tem um porém, uma ferida, uma mágoa, um sonho, uma dificuldade, uma limitação...
E que a gente realmente não sabe nada. Não tem ideia da dimensão.
Só quem sente pode dizer o peso do que se passa.
Me policiei para respeitar ainda mais as pessoas.
Me policiei para ter mais empatia 
Me policiei para ser mais paciente, afinal, esse ano eu já tinha me proposto que seria o ano da paciência. 

E tem sido.
Mas não me recuso a rir e sorrir, Isso nunca.

Não havia falado de simbologias ainda porque as coisas estão meio que tumultuadas, e estava com dificuldade de organizar os pensamentos. 
Nada que um tempo chuvoso e frio não é capaz de fazer.

Tatuagem me ajuda a organizar meus pensamentos também.

Eu sempre brinco que não é a gente que escolhe a tatuagem, a tatuagem que nos escolhe. 
O cervo me escolheu.

Acho que principalmente pelo ‘crescimento e renascimento’. 
Eu precisava dessa tatuagem, era necessidade e não só vontade. 

Minha barriga estava toda marcada por causa da gravidez, e quanto a isso, ok. 
Fez parte de uma transformação, e quanto as transformações que envolvem crescimento a gente apenas aceita. 
Mas as marcas pareciam bem mais que de uma gravidez de risco, bem mais que um inchaço de pressão alta, bem mais que um ninho que se expandiu para abrigar o meu novo coração.


Ali tinha coisas que eu não conseguia lembrar sem me machucar, e que até hoje me dão uma pontinha de melancolia. 
Tinha coisas que eu simplesmente não queria mais me lembrar.

Então o cervo me apareceu como forma de enfeitar coisas que não podemos mudar.
Não para cobrir com tecido que tampa tudo, cobrir com renda, que ao mesmo tempo que cobre, ainda deixa uma transparência


Crescer dói.  


Transformar pensamento em ação dói. 
E eu senti, tudo o que deveria e podia. Transformei a memória em cor.
Eu sei que a pele e a historia estão ali ainda. 
Mas quando olho, os pensamentos mudarem de ordem e prioridade. Agora me vem a cabeça coisas que ainda podem ser, e não as que já foram.

As pessoas olham aterrorizadas. Eu entendo, de verdade.
 Mas é o que diz a frase ali em cima...e que já me é tão importante 
“ cada pessoa que você conhece esta lutando um batalha que você não sabe nada sobre. Seja gentil...sempre”  
... ninguém sabe os motivos de ninguém.

Talvez você não pergunte de mim, talvez meus motivos não te interessem, e talvez você não tenha curiosidade...
Mas pra mim, os meus motivos são os mais nobres possíveis.



As vezes me perco nos devaneios de como teria sido se tivesse feito outras escolhas. Mas é o que eu digo, se tivesse feito outras escolhas, não seria eu.







Mas o que me é mais importante é saber que crescimento e maturidade ninguém pode  danificar ou roubar de você.










 E que de alguma forma “Tudo o que é seu encontrará uma maneira de chegar até você...”
sejam os fatos, acontecimentos, pessoas, perdas e consequentemente ganhos.
Aos poucos, chega.
e aos poucos, acredito mais ainda nessa frase.

Com calma, as coisas se ajeitam.




segunda-feira, 25 de maio de 2015

Esperar.

Ouvindo ISSO

Já estamos quase no meio do ano, e eu não falei desse ano ainda.


Começou novo, mas sentia resquícios de coisas velhas. Principalmente meus padrões de tentar entender o presente com parâmetros do passado.  Só tinha me tornado um pouco mais cética.





Precisei sair daqui, sair da roupa, sair do padrão... sair de tudo, e depois de milhões de quilômetros, eu pude ver da forma mais limpa, que existem pessoas diferentes. E elas são diferentes por principio.







E ser diferente é complicado. 
Porque na maioria das vezes as pessoas vão te entender errado. 
Ou quando você é diferente, você causa mais impressões e suposições que uma pessoa normal causaria.




E não digo só pela aparência, porque isso só vai causar curiosidade, e alguns olhares de desaprovação.




Mas quando você tem atitudes diferentes, porque vc tem um principio e respeita ele, você vai causar inquietação.
 As pessoas se incomodam com isso. E geralmente como a vida dessas pessoas que se preocupam em reparar são medíocres, a diferença que vc exala é pior que um soco na cara.


Então pra ter essa postura diferente vc tem que estar muito ciente do que vc realmente quer. E até porque sendo diferente, vc vai causar muitas mudanças, principalmente em si mesmo.
Pra se fazer o certo você pode estar sozinho, ou você pode estar em meio a muitas pessoas. Mas pro certo não tem meio termo.

Comecei a mudar diversas pequenas coisas, já que as grandes me pareciam que eu não conseguiria, pelo menos por agora. Tornei a jogar fora sacolas de coisas que não faço questão de lembrar, ou não faço questão de te-las mais. 
Comecei a decorar, a trocar e a mudar minha casa. E a mim também.






Engraçado com as coisas em volta começam a mudar também. Estava cansada do mesmo erro, mesmo enredo, mesmo fim.
E com muita paciência ( que é meu aprendizado do ano), muitas coisas foram mudando. E o melhor, um dia de cada vez.








Saber esperar faz as coisas terem um sabor diferente. 
Se presentificar, ou pelo menos tentar agir assim, 
elimina muitos problemas e preocupações.



Se doar inteiramente pro presente te permite aprender muito, muito mais. 
E daí o amanha vc fica tranqüilo pra esperar.






E em um dia desses com a frase ‘ que ME SEJA permitido desaprender os limites” 
comecei a deixar o acaso aparecer pra mim. 
Acaso de caminho diferente. 
De ouvir uma outra música, ir a outro lugar. 
Acaso de viajar, o acaso de voltar. 




O acaso de arriscar. O acaso de mudar. O acaso de permitir. 

E principalmente o acaso de permitir viver, e saber que muitas coisas podem ser diferentes. 
Isso ameniza o incomodo de lembrar muitas situações...


E foi esses tempos atrás, lembrando de uma coisas que me sufocaram e me deixaram com dor na alma...que fiz questão de continuar  lembrando até o limite.
E foi ai que entendi uma coisa 
o porque.
simplesmente porque O OPOSTO DE TODA DOR, É AMOR. 
As vezes alguma coisas doem tão profundamente...e te prepararm pra levantar.



 Te preparam pra TRANSFORMAR o azedo em doce.
Amargura, em sorriso.
Tempestade, em paz.
Dificuldade, em calmaria de um abraço


A vida se resume em saber transformar.





E isso é mais fácil de fazer quando você sabe que as piores cicatrizes são as primeiras. 
Depois até vem cicatrizes, mas não serão tão profundas.
Vai doendo menos.






Então que me seja permitido, nunca perder a vontade de transformar.



Que me seja permitido ainda... a acreditar, que tudo pode ser diferente.